sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Estrela Solitária – Luzeiro dos lunáticos


 




Alguns dizem que há predestinação ao escolher um clube de futebol. Também há aqueles que dizem que não há escolha por parte do torcedor, mas que ele, o torcedor, é escolhido. Ainda há aqueles que escolhem o clube por meras convenções, como amparo midiático, títulos, elenco, vitórias em demasia etc.

Todas essas questões são verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. Vejam meu caso, por exemplo. Sou botafoguense desde o dia 21 de junho de 1989, porque meu pai torcia pelo Botafogo; e uma criança ver o pai vibrando e chorando por um clube de futebol seguramente é um divisor de águas em sua vida, sobretudo sendo esse clube de outra cidade e que não ganhava títulos há mais de duas décadas.

É claro que não há metafísica nessa relação, não há predestinação cósmica e tampouco superstições. Assim como na vida, no futebol sou pragmático. Meu pensamento marxista endureceu meu couro para muitas coisas, mas quando o Botafogo entra em campo a magia começa. Como falei, nada metafísico, mas o lado passional compete com o pragmático e os níveis de ansiedade tornam-se estratosféricos.

Em jogos decisivos, como contra o São Paulo, contra o Palmeiras, contra o Peñarol, é como se durante os 90 minutos eu e meu irmão dialogássemos com nosso pai, e a estrela solitária pulsasse cada vez mais forte, e vem num crescendo arrebatador e, mesmo quando não fazemos gols, mesmo quando fazemos jogos horrorosos, passados os momentos de raiva e frustração, vêm os momentos de acalanto e de pura paixão e o desejo atávico de gritar em altos brados, “FOGO! FOGO! FOGO!”

Essa relação não precisa, e nem deve, ser explicada. Ela simplesmente acontece e pronto. Está tudo certo. Assim como está tudo certo sentir raiva, se frustrar, chorar, se emocionar. O Botafogo é isso, raiva, angústia, frustração, emoção, mas também camaradagem e alegrias. Loucos guiados por uma estrela solitária, sim, sempre solitária que nesta odisseia pela glória em um entrelugar, é o grande luzeiro do botafoguense, que tem um quê de lunático, um quê de clown, enquanto a Estrela Solitária é nosso chaperon. Isso já deu vontade de bradar, mais uma vez, “FOGO! FOGO! FOGO!”

Estrela Solitária – Luzeiro dos lunáticos

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