O vinil do Blindagem tá na agulha. As vozes que vêm da estante em um alarido que vai aumentando, falam alto. Algumas felizes, outras perplexas. O polaco bigodudo é quem recebe o mineiro mais curitibano de todos os tempos.
- Porra, piá, falei que era pra você aguentar mais um pouco, caralho.
Magela, um tanto tímido e sem querer contrariar o mestre, sorri:
- Pelo jeito não deu, bicho. Tive que vir. É a vida.
Com um copo vazio na mão, o polaco bigodudo pede pro Wilson trazer mais uma garrafa de vodka.
- Não bebo mais, Paulo, você sabe disso.
- Eu sei, porra, mas trazer a garrafa você pode, oras. Temos que beber o Magela.
- Beber o Magela? Mas não era pra ele chegar só mais tarde?
- Era, mas o sacana é teimoso…
Lá de um canto começa uma cantoria. Ivo com violão a tiracolo, começa os versos iniciais de Gaivota:sou gaivota por sobre o mar./Meu voo é a volta de qualquer lugar”...
O polaco para por alguns segundos e dispara:
- Foi do caralho quando fizemos essa, hein, Ivo.
Lá do palquinho improvisado Ivo faz que sim com a cabeça.
- Só não vamos acordar o turco ainda, senão ele fica mal-humorado pra caralho - brincou o polaco.
Wilson enche o copo de todos, menos o dele, que completa com café. Alguém saca um baseado na
roda e brindam à chegada do mineirinho das araucárias.
- O 329º aniversário de Curita vai ser triste pra eles, mas pra gente vai ser do caralho.
O polaco ergue seu copo e todos acompanham.
- Seja bem-vindo, Geraldinho.