terça-feira, 29 de março de 2022

O MAGELA SAIU NO GALETO





O vinil do Blindagem tá na agulha. As vozes que vêm da estante em um alarido que vai aumentando, falam alto. Algumas felizes, outras perplexas. O polaco bigodudo é quem recebe o mineiro mais curitibano de todos os tempos.


- Porra, piá, falei que era pra você aguentar mais um pouco, caralho.

Magela, um tanto tímido e sem querer contrariar o mestre, sorri:

- Pelo jeito não deu, bicho. Tive que vir. É a vida.

Com um copo vazio na mão, o polaco bigodudo pede pro Wilson trazer mais uma garrafa de vodka.

- Não bebo mais, Paulo, você sabe disso.

- Eu sei, porra, mas trazer a garrafa você pode, oras. Temos que beber o Magela.

- Beber o Magela? Mas não era pra ele chegar só mais tarde?

- Era, mas o sacana é teimoso…

Lá de um canto começa uma cantoria. Ivo com violão a tiracolo, começa os versos iniciais de Gaivota:sou gaivota por sobre o mar./Meu voo é a volta de qualquer lugar”...

O polaco para por alguns segundos e dispara:

- Foi do caralho quando fizemos essa, hein, Ivo. 

Lá do palquinho improvisado Ivo faz que sim com a cabeça. 

- Só não vamos acordar o turco ainda, senão ele fica mal-humorado pra caralho - brincou o polaco.

Wilson enche o copo de todos, menos o dele, que completa com café. Alguém saca um baseado na

roda e brindam à chegada do mineirinho das araucárias. 

- O 329º aniversário de Curita vai ser triste pra eles, mas pra gente vai ser do caralho.

O polaco ergue seu copo e todos acompanham.

- Seja bem-vindo, Geraldinho.


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